O xenotransplante é o nome dado a técnica de transplante de órgãos de uma espécie para outra e não é uma técnica nova, Henrique Ferreira Galvão, professor da FMUSP(Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), afirma que até 1970, transplante utilizando rim, fígado e coração foram realizados com a utilização de diversos animais como macacos e porcos.
Os cientistas
que possuem desejo de transplantar órgãos de porcos em seres humanos,
inicialmente encaram um problema, que são os PERVs, ou seja, restos virais de infecções posteriores por
retrovírus endógenos que deixaram fragmentos de seu DNA no genoma do suíno e
que, podem infectar alguns órgãos vitais dos seres humanos que receberão
futuramente tais implantes.
Com inúmeras
pessoas na fila de espera para receber transplante e com a falta de órgãos,
cientistas têm pressa em desenvolver novos mecanismos para diminuir a
quantidade de pessoas esperando. Assim, buscam novas tecnologias como a
conhecida zinc finger nucleases(
nucleases de dedo de zinco), uma técnica onde ocorre a ligação de proteínas
liadoras de DNA, geradas por fusão de dedo de zinco, que vão facilitar a edição
do genoma desejado e gerando intervalos em par de bases em locais específicos.
O virologista Joachim Denner do Instituto Robert Koch em Berlim, junto com seus
colaboradores, usaram dessa técnica para realizar cortes no genoma do porco,
mas obteve-se como resultado cortes imprecisos que se mostraram tóxicos para as
células.
Mas em 2015,
dois geneticistas de Harvard, George Church e Luhan Yang criaram a empresa
eGenesis e no mesmo ano mostraram que CRISPR era eficiente para eliminar os
genes PERV em todos os 62 sites do genoma do porco, esse é utilizado até hoje.
Contudo, na pesquisa inicial, esses dois pesquisadores utilizaram linhagens
celulares que, in vitro, conseguia se
dividir indefinidamente e para que os resultados fossem mais úteis, deveriam
ser utilizadas células normais vindas de um porco vivo. Assim, utilizando
dessas células normais vindas do tecido conjuntivo e conseguiram um resultado
de 100% de células sem o PERV, depois de expor as células a um coquetel químico
que incentivou as células a crescer.
Depois de
resolver essa questão os pesquisadores realizaram clonagem padrão, inserindo o
núcleo das células editadas em ovócitos retirados de porcos e permitiram que
cada ovo se desenvolvesse em um embrião no útero de uma outra mãe. Mas no
inicio da pesquisa havia um medo de que os porcos gerados seriam ou não
viáveis, como afirmou Yang. Mas esse ano publicaram um artigo na Science que os
porcos que foram gerados eram viáveis e em testes com tecidos de 37 leitões
nascidos, notaram que todos pareciam estar livres de PERV.
Mesmo com
todos esses trabalhos, ainda sabemos que
PERVs não são o único problema, os pesquisadores ainda terão que
eliminar genes que causam reações imunológicas no humanos e inserir genes que
impeçam interações tóxicas com o sangue humano. Todos esses trabalhos estão
sendo desenvolvidos pela eGenesis. Yang ainda afirma que comparado com o PERV,
o desafio da compatibilidade é ainda mais desafiador.
No Brasil, o tema recebeu grande destaque na conferência da ANM(Academia Nacional de Medicina), onde fora apresentado as pesquisas que estão sendo desenvolvidas a respeito dessa técnica. Ao fim da conferência o Prof. Rodrigo Vianna, da Miami University, Miller School of Medicine, realizou as considerações finais e afirmou "que o futuro já chegou", dizendo ainda, com convicção que entre 3 a 5 anos essa técnica de transplante será realidade para uso clínico.
QUAL A SUA OPINIÃO?
REFERÊNCIAS
http://www.sciencemag.org/news/2017/08/crispr-slices-virus-genes-out-pigs-will-it-make-organ-transplants-humans-safer
http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2017/05/22/xenotransplante-e-tema-de-conferencia-internacional-na-anm/
Nenhum comentário:
Postar um comentário